A névoa voltou naquela noite, mais densa do que nunca.
Melanie já havia aprendido que certos sinais nunca mentem — o arrepio antes do silêncio absoluto, o jeito como os pássaros sumiam do céu e as árvores pareciam encolher. Aquela não era uma névoa comum. Era uma presença.
Desde o encontro com o estranho encapuzado, semanas atrás, sua vida havia mudado. Ela sonhava com florestas que jamais viu, ouvia vozes que falavam em línguas que sua boca não conhecia, mas seu sangue entendia. As palavras vinham acompanhadas de imagens antigas — lobos com olhos flamejantes, portais cobertos por raízes, e uma guerra esquecida onde os próprios elementos da natureza rugiam como fera.
Ela não contou a Lia. Nem a Etan. Nem a Miriam. O chamado era só dela.
Naquela noite, sozinha, Melanie seguiu a trilha da névoa para fora da clareira. Usava um manto escuro que cobria seu corpo esguio. Seu cabelo negro, solto, balançava como véu de luto. Os olhos — sempre silenciosos — agora carregavam perguntas demais pa