O frio era um sussurro constante, um lembrete de que estavam entrando em território antigo, onde os deuses haviam esquecido o nome da primavera. Atravessando a cadeia de montanhas conhecidas como Espinha do Mundo, Lia e seu grupo sabiam que cada passo rumo ao Norte era também um passo rumo ao desconhecido.
Miriam consultava os mapas ancestrais com frequência, os dedos tremendo de frio e reverência. O local onde o Coração do Primeiro Lobo deveria estar marcado aparecia apenas como um ponto sem nome. Ao redor, inscrições em uma língua morta diziam: “Onde a Lua não nasce, o Coração dorme.”
Elian os guiava pelas trilhas de gelo como quem ouve o vento falar. Tinha olhos atentos, sentidos aguçados e uma alma marcada por exílio e dor. Rune, sempre em silêncio, vigiava a retaguarda. E Lia, com o coração dividido entre a liderança e a urgência, pensava em Etan a cada respiração.
Ele estava ficando mais distante. Nas últimas visões de Miriam, o rosto humano de Etan surgia apenas em flashes entr