Mundo de ficçãoIniciar sessãoUma Gaiola Dourada
Um ritmo de clique-claque seguia Alexander Grayson enquanto ele se movia pelo piso frio de mármore do saguão do hotel. O corte do terno era elegante, a gravata, cerrada. Ele observou a cena, pessoas chegando, malas sendo carregadas, antes de parar ao notar Sara limpando diligentemente perto de uma parede, seu trabalho atraindo seu olhar.
O tecido gasto de suas roupas de trabalho cedeu; as palmas das mãos estavam em carne viva onde ela estivera esfregando. Ele fez uma pausa, um músculo saltando na bochecha, e então caminhou em direção à frente, rabiscando seu nome em formulários com linhas rápidas e firmes.
De seu escritório no alto de um prédio, Alexander observava as luzes da cidade enquanto se preparava, sua mãe estava chamando. O nome dela apareceu na tela, então ele atendeu com um gemido. "Jantar no La Belle", ela declarou rapidamente.
"Nem pense em faltar; temos coisas para discutir, sua vida, principalmente." Uma dor de cabeça surgiu atrás de seus olhos enquanto ele murmurava concordando. Então veio a verdadeira pauta. "Claire Thompson é ideal. A empresa deles, combinada com a nossa... resolve tudo.
Além disso, esperamos bisnetos." Ele apertou o telefone com força, sentindo a cor sumir do rosto. "Tenho compromissos, mãe." A ligação terminou abruptamente quando ele jogou o aparelho no chão, derrubando pilhas de documentos.
A cidade se estendia sob ele enquanto caminhava até o vidro, perdido em pensamentos. Uma linha sombria se formou em sua boca; escuridão se formou sob seus olhos quando ele captou a imagem. Com um rápido arremate nos punhos, ele pegou o casaco, uma reunião o aguardava.
Um zumbido baixo preencheu a sala, principalmente jaquetas escuras ao lado de displays coloridos. Alexander, posicionado na ponta da mesa, indicou um gráfico afixado na parede. "As vendas estão subindo", anunciou, em tom calmo, "no entanto, precisamos de um crescimento mais ambicioso." O gerente continuou escrevendo, com um rápido aceno de cabeça como único sinal de reconhecimento.
Alexander observou Sara empurrar seu carrinho pelo corredor, com a cabeça baixa, ela afastou uma mecha de cabelo do rosto. Uma pausa em sua fala, mas ele continuou: "Nova ala - pronta para a primavera." Uma onda de acenos dos presentes, embora seus olhos continuassem se voltando para Sara, uma onda de movimentos. Seu aperto na caneta aumentou enquanto ele olhava mais uma vez para o mapa à sua frente.
O restaurante, La Belle, brilhava com a luz do lustre sobre os lençóis impecáveis. Em frente aos seus pais, Alexander observou um brilho refletido nas pérolas da mãe e, em seguida, no relógio do pai.
O vinho encheu suas taças - um redemoinho rubi, cortesia do garçom. "Claire Thompson chega amanhã", anunciou sua mãe enquanto cortava seu bife. "Elegante, elegante, ideal para você." Alexander traçou círculos em seu próprio vinho, perdido em pensamentos. "Não, obrigado." Seu pai baixou a voz, inclinando-se para mais perto.
"É maior do que você quer; diz respeito ao nosso nome, garantindo a continuidade, produzindo um herdeiro." Um músculo saltou na bochecha de Alexander quando ele bateu o copo na mesa.
"Eu administro um hotel, não construo impérios." O olhar da mãe se aguçou. "Pense nos outros, Alexander, imagine o que vem a seguir." Ele arrastou a cadeira para trás, deixando o garfo tilintar na porcelana, e então se dirigiu para a porta. As objeções desapareceram atrás dele.
De volta ao hotel, Alexander caminhou pelo saguão, as luzes diminuindo à medida que a noite caía. Sara esfregava o chão perto da escada, movendo os braços em um ritmo constante. Ele diminuiu o passo, observando-a enxugar o suor da testa. "Você chegou tarde", disse ele, com a voz suave. Ela se assustou, agarrando o esfregão.
"Sim, senhor, estou terminando", murmurou, com os olhos no chão. Ele assentiu, aproximando-se, sua sombra caindo sobre ela. "Bom trabalho", disse ele, demorando-se, e então se afastou, com o som dos sapatos ecoando. Sara expirou, voltando a esfregar o chão, mais rápido agora.
Em seu escritório, Alexander afrouxou a gravata, servindo-se de um uísque de uma garrafa de cristal. Afundou-se na cadeira, as luzes da cidade piscando lá fora. Seu telefone vibrou novamente, desta vez era do pai.
"Você saiu, Alexander, ainda não terminamos", rosnou a voz. "Claire estará no baile amanhã, você a encontrará." Alexander tomou um gole do uísque, a queimação intensa. "Eu disse que estou ocupado", zombou o pai. "Você tem 35 anos, pare de joguinhos, precisamos de um neto, o negócio precisa disso." Alexander desligou, batendo o copo na mesa, e o líquido âmbar espirrou. Ele se levantou, andando de um lado para o outro, e então parou na janela, observando seu reflexo — tenso, sozinho.
Na manhã seguinte, Alexander caminhou pelo último andar do hotel, inspecionando as suítes. Sara tirou o pó de um quarto próximo, seu pano deslizando sobre um espelho. Ele parou na porta, observando-a se esticar para alcançar uma prateleira alta, seu uniforme escorregando levemente.
"Cuidado", disse ele, entrando. Ela congelou, o pano na mão. "Desculpe, senhor", disse ela, recuando. Ele acenou com a mão. "Não precisa, só não caia." Seus olhos encontraram os dela por um momento, então ele se virou, olhando o relógio. "A preparação para a festa de gala começa em breve, certifique-se de que este andar esteja perfeito." Ela assentiu, retomando o trabalho, com as mãos tremendously levemente.
Durante os preparativos para a festa de gala, Alexander supervisionou a equipe arrumando as mesas, com a voz ríspida. "Traga as flores para mais perto, está parecendo desleixado", disse ele a um funcionário. Sara passou empurrando um carrinho carregando toalhas de mesa. Seus olhos a seguiram, notando a forma como seus dedos seguravam o carrinho.
Um gerente se aproximou, entregando-lhe uma lista de convidados. "Os Thompsons confirmaram, senhor", disse o gerente. O rosto de Alexander se contraiu. "Tudo bem", disse ele, examinando a lista, o polegar roçando o nome de Claire. Ele olhou para Sara novamente, de cabeça baixa enquanto dobrava guardanapos. Ele se virou, gritando outra ordem.
Na sala de descanso dos funcionários, Alexander passou e viu Sara tomando água, com o rosto pálido. Maria, outra faxineira, riu por perto. "Sara, você parece morta, vá para casa", disse Maria, jogando um pano.
Sara balançou a cabeça, colocando o copo no chão. "Não posso, preciso do horário." Maria deu de ombros. "Seu funeral." Alexander permaneceu na porta, despercebido, com os olhos fixos na postura cansada de Sara. Afastou-se, com uma expressão indecifrável.
Em casa, Alexander estava em sua elegante cobertura, com as luzes da cidade se espalhando lá embaixo. Serviu-se de mais uísque, o telefone vibrando, sua mãe novamente. "Claire está animada para o baile", disse ela, com a voz insistente.
"Você vai dançar com ela, faça dar certo." Ele agarrou o copo, em voz baixa. "Eu apareço, é isso." Ela suspirou. "Pense na família, Alexander, precisamos dessa fusão, netos logo." Ele desligou, virando o uísque, e caminhou até a sacada, com o vento frio no rosto. Ele encarou a cidade, seus pensamentos vagando para os olhos cansados de Sara.
A noite do baile chegou, o saguão brilhando com luzes e convidados. Alexander estava de smoking, apertando as mãos, com um sorriso forçado. Claire Thompson se aproximou, com o vestido cintilante, o sorriso treinado. "Alexander, é um prazer", disse ela, estendendo a mão. Ele a pegou, assentindo.
"Igualmente." Seus olhos percorreram a sala, pousando em Sara, limpando um copo derramado, com movimentos rápidos. Claire falou sobre a empresa de sua família, sua voz animada.
"Poderíamos fazer grandes coisas juntos", disse ela. Ele assentiu distraidamente, observando Sara desaparecer no fundo, seu carrinho chacoalhando suavemente.
Em seu escritório, depois do baile, Alexander estava sentado sozinho, sem paletó e com as mangas arregaçadas.
Abriu uma gaveta, tirando um relatório do hotel, mas seus olhos vagaram para uma lista de funcionários, com o nome de Sara sublinhado. Seu telefone vibrou, seu pai. "Claire foi perfeita, não estrague isso", rosnou a voz. Alexander jogou o telefone de lado, esfregando o rosto.
Ele se levantou, andando de um lado para o outro, e então parou na janela, a cidade brilhando lá embaixo. A imagem de Sara persistia em sua mente, suas mãos, sua força silenciosa.
No dia seguinte, Alexander percorreu o andar de serviço do hotel, prancheta na mão. Sara esfregou um corredor, movendo a escova rapidamente. Ele fez uma pausa, pigarreando. "Tudo em ordem aqui?", perguntou. Ela olhou para cima, assustada, afastando o cabelo do rosto. "Sim, senhor", disse ela, com a voz suave. Ele assentiu, o olhar demorado, e então se afastou, com passos lentos. No elevador, encostou-se na parede, tamborilando os dedos, o nome de Claire na lista de convidados brilhando em sua mente, mas o rosto de Sara estava mais nítido, mais claro.
Em uma reunião do conselho, Alexander apresentou planos, com a voz firme. "Estamos expandindo para o oeste", disse ele, apontando para um mapa. Um gerente questionou os custos, e ele respondeu bruscamente, com a mente meio em outro lugar. O carrinho de Sara passou pela porta de vidro, sua silhueta pequena, mas firme. Ele fez uma pausa e continuou, segurando firme o ponteiro. Após a reunião, ele ficou sozinho, olhando para o mapa, com os pensamentos emaranhados: Claire, seus pais, Sara.
De volta à cobertura, Alexander serviu-se de um último uísque, o copo frio na mão. Seu celular acendeu, a mensagem de sua mãe: Claire aguarda retorno, não nos decepcione. Ele a ignorou, caminhando até a sacada. A cidade zumbia lá embaixo, as luzes piscando. Ele tomou um gole de uísque, o olhar distante, o rosto cansado de Sara em sua mente, suas mãos esfr
egando, sua resiliência silenciosa mexendo com algo profundo dentro dele.







