As Palavras Que Ela Nunca Conseguiu Dizer
Ao nascer do sol, Sara entrou no quarto de hospital da mãe, o moletom encharcado, mechas de cabelo molhado caindo sobre os ombros, sujeira e água escorrendo pelas mãos. A velha estava sentada, apoiada em travesseiros claros, o brilho da manhã fazendo seus cabelos finos parecerem cinzas. A chuva havia grudado nas mangas de Sara. O silêncio preenchia o espaço entre elas.
Uma bandeja de café da manhã estava ali, ainda cheia, ovos mexidos dentro, um pequeno copo de suco ao lado, uma maçã cortada em pequenos coelhinhos pela enfermeira, algo que ela havia aprendido com Sara há muito tempo.
O olhar da mãe brilhou. Então ela estendeu os braços, um após o outro.
Sara tirou os sapatos encharcados perto da entrada e correu para frente, ainda de moletom, pressionando a bochecha contra o pescoço da mãe, onde ele se curvava perfeitamente.
O pulso sob o tecido leve continuava, firme, claro, real.
A mãe passou a mão pelos cabelos curtos de Sara, tocando suave