8. O colega de faxina .
A manhã começou com a troca de turno no vestiário do subsolo. Isabela ajeitava o crachá sobre o peito e conferia se todos os itens estavam no carrinho: panos, desinfetante, luvas, álcool. A nova escala a colocara em turnos alternados, e com isso vieram rostos desconhecidos.
— Então você é a tal Isabela — disse uma voz feminina, seca e sem saudação.
Isabela ergueu os olhos. A mulher diante dela usava o mesmo uniforme azul, com o nome “Ana M.” bordado. Tinha olhos miúdos, atentos como lâminas, e um coque apertado. Ao lado dela, um homem de meia-idade ajeitava um boné preto com o símbolo antigo da Constellation Global. Ele sorriu quando os olhares se cruzaram.
— Sou, sim. Isabela Duarte. Comecei há alguns meses.
— Já ouvi falar de você — Ana continuou, cruzando os braços. — Disseram que o CEO sabe seu nome. Isso é raro. Muito raro.
Isabela tentou manter a compostura.
— Foi só um acaso. Eu estava por perto quando derramaram café, ele agradeceu. Só isso.
Ana riu, curta e sem humor.