68. Carona solidária
A tarde parecia comum, até que as luzes piscaram no prédio da Constellation Global. Primeiro uma vez, depois de novo. Os computadores entraram em modo de emergência, o ar-condicionado desligou com um estalo abafado e um murmúrio coletivo percorreu os corredores. Isabela Duarte olhou para a tela preta do seu monitor e suspirou. Mais um obstáculo.
— Gente, parece que foi geral — comentou uma colega do administrativo, passando rápido pelo lounge.
Isabela se levantou devagar, pegando a bolsa. Ela tinha planos de revisar o artigo que escrevera para o jornal interno, mas com a queda de energia, a chance de retomar o trabalho naquela tarde era mínima. Foi quando recebeu uma mensagem de Paulo:
“Estou indo embora daqui a pouco. Posso te deixar em casa se quiser. Tá chovendo. E seguro é melhor.”
Olhou pela janela e confirmou: a chuva engrossava lá fora, formando poças rápidas nas calçadas da cidade. As luzes de emergência criavam sombras longas pelos corredores. Aquilo trazia uma certa tens