181. A jornada de Rafael
A sala estava silenciosa. Do lado de fora, a noite já caíra sobre os prédios da cidade, tingindo as janelas de reflexos dourados e sombras difusas. Rafael apoiava o cotovelo no encosto do sofá, enquanto girava lentamente um copo de água nas mãos. Isabela, sentada na poltrona à frente, esperava. Não havia pressa — apenas um silêncio confortável que parecia preparar terreno para algo maior.
— Quando eu estava fora — começou ele, com a voz mais baixa do que o usual —, precisei visitar uma unidade antiga da empresa, no sul da Espanha. Lá… reencontrei alguém que não via há mais de uma década.
Isabela inclinou-se ligeiramente, mantendo o olhar atento.
— Uma amiga?
Ele assentiu, com um sorriso melancólico.
— Amiga de infância. Helena. Nós crescemos juntos, literalmente. Nossos pais trabalhavam no mesmo lugar, frequentávamos os mesmos clubes, estudamos nas mesmas escolas. Ela era… meu norte, na época. Eu confiava nela de um jeito que nunca mais confiei em ninguém.
Isabela não interromp