169. A ausência de Rafael
Na manhã de segunda-feira, a ausência de Rafael era quase física. Seu gabinete, de portas sempre entreabertas, estava fechado e silencioso. A cadeira de couro preta permanecia vazia, e o quadro branco onde ele costumava anotar ideias e provocações estava limpo, como se a pausa temporária tivesse zerado o ritmo do espaço.
Isabela caminhava pelo corredor com sua pasta de couro presa ao braço e o crachá pendendo do pescoço. Na sexta-feira, ele a havia chamado em particular, minutos antes de partir para a missão corporativa no exterior — uma conferência sobre inovação social e ESG com outros executivos da matriz. O tom havia sido sereno, mas direto:
— Durante essa semana, vou precisar que você assuma a liderança operacional do projeto. Confio no seu bom senso. Qualquer coisa urgente, você tem meu contato direto.
Ela apenas assentiu, sentindo o peso da confiança mais do que o da responsabilidade em si. Agora, com ele fora, percebia o quanto a presença de Rafael trazia uma espécie de bú