Isabela,
Eu nĂŁo sei como começar essa carta sem parecer fraco, sem parecer pequeno diante de tudo o que vocĂȘ representa. Mas talvez seja exatamente isso que eu precise aceitar: que fui pequeno. Que fui fraco. Que fui cego. E que agora, sĂł me resta a verdade â nua, dolorosa, tardia.
Hoje, enquanto a chuva caĂa lĂĄ fora e o silĂȘncio me engolia aqui dentro, eu finalmente parei. Parei de fugir, de justificar, de fingir que tudo estava sob controle. E quando parei, vocĂȘ veio. Como sempre veio, mesmo quando eu nĂŁo merecia. Veio em forma de lembrança, de arrependimento, de saudade. Veio como a Ășnica coisa que ainda faz sentido.
VocĂȘ lembra da escola? Daqueles corredores longos, das tardes de sol no pĂĄtio, dos projetos que vocĂȘ sempre entregava com brilho nos olhos? Eu lembro. Lembro de tudo. Lembro de vocĂȘ com o cabelo preso, concentrada, explicando para a professora um conceito que ninguĂ©m mais entendia. Lembro de como vocĂȘ me olhava â com curiosidade, com afeto, com uma paciĂȘncia que eu nun