Mundo de ficçãoIniciar sessãoDiego, é chefe da segurança do presidente do Brasil, prestes a se aposentar, acaba precisando adiar sua aposentadoria ao ter que proteger a filha mais velha do homem mais poderoso do país. Enquanto o primeiro mandato do chefe de Estado é marcado por conflitos, Diego, homem de confiança do Presidente, se vê obrigado a monitorar cada movimento de Valentina, a primogênita, que atua como pediatra e sempre manteve distância da vida política de seu pai. São duas pessoas de mundos distintos, compelidas a conviverem lado a lado: o guarda-costas zelando pela segurança dela, enquanto a médica insiste que pode lidar com a situação por conta própria. Dois mundos diferentes, com idades e vidas totalmente opostas, acabam descobrindo que têm muito mais em comum do que poderiam imaginar. Spin off de Entre o Poder e o Amor
Ler maisQuase quatro horas depois, o avião pousou no aeroporto de Congonhas. Sentia dores na coluna, cabeça doendo de preocupação. Mateus acabou dormindo e cutucava seu ombro para ver se acordava. O piloto nos desejou uma boa estadia na cidade e saímos do avião rumo a sala de desembarque. Como acabamos saindo de casa apressados, acabei colocando algumas peças de roupa na mochila, documentos e o restante das coisas daria um jeito de mandar buscar depois. Nem o meu chefe sabia que eu estava em São Paulo e ligaria para ele mais tarde. Mamãe me enviou mensagem, avisando que os seguranças do papai iriam nos buscar no aeroporto. Eu detestava essas coisas, mas infelizmente eram ordens do senhor Leonardo e eu não poderia recusar uma ordem vinda do presidente do país. De mãos dadas com Mateus, andamos até os “homens do papai” como eu costumava chamar os funcionários dele. Fiquei surpresa ao encontrar o chefe da segurança acompanhando os outros três homens. Diego trabalhava para minha família há mais de 20 anos, foi o chefe da segurança desde o primeiro mandato do meu pai como governador e seguia na mesma função até hoje. O homem tinha 48 anos, cabelos curtos pretos cortados estilo militar, rosto sério e era como uma sombra andando para todo lugar que o meu pai ia. Além do mais, era fiel até demais ao meu pai.
— Bom dia, senhorita Valentina — a voz rouca do homem por um segundo me tirou do meu mundo de preocupação. Diego era uma incógnita já que ninguém sabia praticamente nada da sua vida. O conhecia desde criança e ele acompanhou meu crescimento e sempre se manteve distante.
— Bom dia Diego! Me diga que temos boas notícias? Questionei e o rosto sério dele não demonstrava nenhum tipo de sentimento.
— Seu pai pediu para levar a senhorita direto para o hospital.
O homem fez sinal para os outros três funcionários, pegou nossas coisas e saiu andando na nossa frente, enquanto Mateus deu apenas de ombros, tirando o celular do bolso da calça para verificar se tinha alguma mensagem. Caminhamos até o carro em silêncio, apenas o meu coração batia acelerado e eu rezava para que conseguisse chegar a tempo de encontrar meu avô vivo.
O carro oficial nem estacionou direito, eu fui abrindo a porta e descendo apressada até o andar em que ficavam os quartos vips do hospital da minha família. O percurso foi feito em total silêncio, desde o momento que entrei no carro na entrada do aeroporto. Mateus, foi quem aproveitou os minutos até chegarmos aqui para entrar em contato com seus pais, tranquilizando dona Natália de que estava tudo bem conosco. No banco de trás, eu rezava para que o vovô ainda estivesse vivo quando eu chegasse. Diego não disse um ‘A’ nem mesmo quando eu perguntei como meu pai estava. O homem era realmente desprovido de qualquer sentimento, vivendo apenas em cuidar da segurança do meu pai e da nossa família. Passei pelo corredor privativo, em direção ao elevador que me levaria até a cobertura. Mateus gritava atrás de mim e juntos subimos até o último andar. A porta da caixa metálica se abriu e saí como um furacão, encontrando meus pais e meus irmãos sentados na sala de espera.
— Mamãe! Me joguei nos braços da minha mãe, assim que cheguei, sendo consolada por dona Jéssica que tentava me acalmar. No momento que senti os braços da minha mãe me fazendo carinho, não consegui segurar as lágrimas e chorei tudo que eu segurei durante o voo de volta para casa. Mateus foi conversar com meu pai, perguntando sobre o estado de saúde do vovô, enquanto papai explicava que o pior havia passado, agora era esperar que vovô resistisse a angioplastia e pudesse voltar para seus entes queridos.
— Princesa ! Meu pai se aproximou, me tirando dos braços da minha mãe levando para o dele. Papai continuava o mesmo homem de 20 anos atrás. A diferença era as linhas de expressão em seu rosto e os cabelos antes castanhos claros, tomados por fios grisalhos. Na sala de espera, ele não era o presidente do país e sim o filho único de um dos melhores e mais respeitados médicos do país.
— Papai, diz que o vovô vai ficar bom? E cadê a vovó? Porque vocês não a trouxeram juntos.
Perguntei, pela minha avó Soraia. Conhecendo-a como a conheço, duvido que ela aceitou de bom grado ficar em casa, enquanto seu amado esposo lutava pela vida.
— Sua avó ficou em casa, sendo cuidada por uma enfermeira. Quando seu avô começou a passar mal, Áurea nos ligou avisando que mamãe também entrou em pânico e por conta disso, eu pedi que ela fosse medicada.
Papai respondeu, explicando a ausência dela aqui no hospital. Só medicada mesmo para não estar aqui aguardando notícias do marido. Mesmo com seus 81 anos, seguia elegante e vivia em pé de guerra com a minha mãe. Vovó aceitou os netos, entretanto dizia que nunca aceitaria minha mãe como parte da família.
— Filha, você comeu algo? Seu rosto está tão abatido, meu amor — mamãe perguntou, tocando minha bochecha como sempre fazia quando eu era menor.
— Comi algo no avião, mas na verdade não sinto fome alguma — me virei para Mateus que estava conversando com meus irmãos sentados no sofá. Fiz sinal para que ele viesse até mim.
— É melhor você ir agora — disse sendo abraçada por Mateus, que sorriu para os meus pais, tentando consolar os dois sobre o que aconteceu.
— Mateus, seu pai me ligou mais cedo, perguntando sobre a saúde do meu pai e ofereceu ajuda se fosse preciso uma cirurgia mais complicada.
Meu pai disse e Mateus respondeu que conversou com a mãe no caminho para o hospital. Mamãe fez sinal para os meus irmãos, que se mantinham calados. Os dois com certeza estavam tão abatidos quanto eu. Já que depois que me formei, passaram a morar com os avós, agora que nossos pais moravam em Brasília.
— Irmã, se quiser posso buscar o cappuccino de chocolate que você gosta — Sofia disse, contudo apenas sorri para minha irmã, respondendo que não precisava de nada.
— Crianças, é melhor vocês três irem para casa, descansar um pouco. Valentina, tome um banho quente, durma por algumas horas que vou ficar aqui junto com seu pai.
Mamãe pediu, entretanto recusei o seu pedido. Disse que ficaria fazendo companhia aos dois e que mandasse os meus irmãos para casa, juntamente com Mateus.
— Pai, eu fico com vocês. O motorista pode deixar os três em casa, eu tenho roupas na bolsa, qualquer coisa eu mesmo fico com o vovô enquanto vocês também descansam.
Respondi, ainda abraçada ao Mateus. Eu não iria conseguir dormir, sem ter notícias do estado de saúde do meu avô. Papai pediu licença, se afastando de nós, para falar com os seguranças. Certeza, que pediria para um deles deixar os meninos em casa. Me afastei com Mateus para um canto, assim poderia me despedir dele com privacidade.
— Amor, não quer mesmo que eu fique com você? Me perguntou eu respondi que não tinha necessidade. O hospital tinha uma suíte exclusiva para os parentes dos pacientes Vips e qualquer coisa eu poderia descansar por lá.
— É melhor você ir. Fico com meus pais e te ligo para passar qualquer novidade.
Respondi, dando um selinho em seus lábios. Quando voltamos para onde os outros estavam, encontrei Diego conversando com meu pai, ao lado de um dos seguranças. Mateus conversou com minha mãe e disse que ficaria com o celular ligado para qualquer novidade.
Meu namorado se despediu dos meus pais, meus irmãos também se despediram, pedindo que não escondesse nada em relação ao vovô. Papai pediu que Sofia cuidasse da vovó e que acalmasse-a e não contasse nada sem antes conversar com nosso pai. Os três saíram acompanhados de um dos seguranças. Notei que Diego permaneceu conosco. Era claro que o homem ficaria ao lado do meu pai. Estranho seria se não estivesse. Mamãe pegou minha mão, levando-me até uma das poltronas. Notei olheiras em seu lindo rosto e disse que eu estava bem, que mamãe não teria que se preocupar comigo. Eu estava preparada para o melhor e o pior. Confiava no meu avô e tinha certeza de que ele logo sairia dessa mais forte e saudável ainda.
01 ano depois…DiegoUm ano se passou desde o pior momento da minha vida. Porém, hoje vamos comemorar um ano da chegada da minha joia preciosa. Em um ano, muitas coisas aconteceram — a maioria foram boas, é claro — mas houve também a parte ruim: saber que dinheiro e poder compram tudo, até mesmo a liberdade de pessoas que cometem crimes. Conseguem sair ilesas.Nem mesmo o poder do presidente do Brasil conseguiu colocar aquele desgraçado atrás das grades. O juiz, aliado ao partido da oposição, conseguiu livrar o garoto das acusações e, no final de tudo, o bandido rico se safou dos crimes cometidos e fugiu para o exterior, como um bom bandido da sociedade hipócrita faz.Minha relação com o meu sogro melhorou bastante e, dessa vez, realmente fui aceito pelo senhor Leonardo. Consegui explicar tudo desde a minha infância, e ele entendeu que Marcelo, para mim, sempre foi — e sempre será — apenas um bandido maldito que acabou com a vida da minha mãe.— Meu amor, vamos, os convidados já estão
Ao ouvir tudo o que houve dias atrás, não consigo acreditar em como Matheus teve coragem de cometer algo tão cruel assim. No quarto, estavam meus irmãos, meus pais e Diego, todos reunidos. Meus avós não sabiam de nada, e papai queria que permanecessem sem saber. Natália ainda tentou fazer um escândalo, dando a entender que eu era culpada pela mudança do filho, porém minha mãe a colocou em seu devido lugar.Estou cansada, mas feliz ao mesmo tempo. Dinah ligou para saber como eu estava, e Diego disse que em breve eu teria alta. A médica explicou que eu acabei bloqueando os acontecimentos e que, em algum momento, iria me lembrar de tudo.Nos braços, estou com minha princesa linda, que dorme sem imaginar o terror que os pais passaram. Meu esposo não quis comentar detalhes, mas imagino o que possa ter acontecido.— Diego, conversando com Jéssica, penso que o melhor é vocês se mudarem para o mesmo condomínio dos meus pais. Assim, a segurança, além de reforçada, me permitirá monitorar tudo.
Matheus— Droga... Como pude ser tão estúpido a ponto de tentar sequestrar a Valentina? Eu preciso me livrar desse vício. Preciso voltar a ser o Matheus de antes. Talvez assim... talvez ela consiga me amar de novo.Falo comigo mesmo, trancado neste quarto de hospital, como um animal enjaulado. Fui um completo idiota por agir no impulso, levado pela emoção. Achei que, cometendo tal loucura, ela iria me amar.Tomado pelas drogas, cometi um erro que vai me custar caro, e sei que irei envergonhar minha família. Um ato idiota colocou toda a minha vida em risco. Sentado nessa poltrona, me assusto ao ouvir a porta batendo com toda força.Levanto meu rosto e, à minha frente, encontra-se o senhor Leonardo. Seu olhar de decepção, misturado com raiva e um ódio que só vi assim na noite em que contei sobre o caso, na época da Valentina, com aquele desgraçado do segurança bastardo.— Filho da puta! Desgraçado!Sinto o soco em meu rosto, vindo como um furacão. Depois do segurança bastardo, agora era
Leonardo— Como o Mateus conseguiu passar pela segurança sem que ninguém neste hospital percebesse qualquer movimento suspeito?! — minha voz ecoa pelas paredes da sala de reuniões. — Expliquem agora como uma tragédia dessas acontece bem debaixo dos nossos narizes — e ninguém viu nada?!O silêncio dos funcionários é ensurdecedor. Alguns abaixam o olhar. Outros se encolhem nas cadeiras. Não me importo com o escândalo que estou causando. Minha filha... minha princesinha passou por momentos de puro terror por culpa de uma falha absurda — inaceitável — de uma equipe inteira de segurança.— Com todo o respeito, senhor presidente, houve uma falha nos protocolos, mas estamos investigando... — tenta justificar um homem de jaleco branco. Não sei se é médico, segurança ou algum diretor covarde.— Investigar?! — cuspo a palavra como veneno. — A Valentina quase morreu por "uma falha nos protocolos"! Isso é o que têm para me oferecer? Uma nota de rodapé em um relatório?Jéssica, ao meu lado, segura
Diego— O senhor pode ficar no berçário por dez minutos.A enfermeira se retirou, e o silêncio que ficou parecia gritar dentro de mim. Agora era só eu... e ela.Valentina ainda não sabia o nome que eu havia escolhido para nossa filha. A médica já me explicara o quadro clínico. E embora ainda houvesse apreensão, eu finalmente podia respirar — pela primeira vez em horas. O garoto estava detido em um dos quartos privativos, aguardando a chegada do meu sogro. Por mim, ele já estaria algemado, trancado e longe de tudo que amamos. Mas... eu não podia desobedecer o presidente. Não ainda.Vestido com a roupa apropriada, abri a porta de vidro com as mãos trêmulas. Entrei no berçário como quem invade um santuário. Cada passo era uma oração silenciosa. Não queria fazer barulho. Não queria espantar o momento.Minha princesinha era a única ali. Tão pequena, tão frágil... e tão forte. A pediatra havia me dito que ela poderia ter alta em três dias. Valentina... bem, Valentina ainda precisava se re
Ainda estou ofegante.Os braços de Leandro me seguram com força, como se ele fosse a única âncora entre mim e o abismo. Sofia está ao meu lado, o rosto manchado de lágrimas e tensão. Ninguém fala. Só o som distante dos monitores, dos passos apressados dos enfermeiros. O corredor está cheio, mas eu só vejo o vazio. Mateus estava isolado no quarto, com a polícia fazendo sua segurança. Eu realmente teria matado aquele garoto se não tivesse sido impedido. Aquela brincadeira dele, teria consequências graves, quem aquele moleque pensava que era? Por conta da gracinha cometida, Valentina quase morreu e agora aguardamos notícias dela. Não permitiram a entrada dos gêmeos na hora do parto, pois não queriam que o emocional atrapalhasse tudo. Achei um absurdo visto que os dois em breve estarão formados como médicos.A porta da sala de cirurgia se abre.Uma médica jovem, de olhar sério, mas não frio, caminha em nossa direção. Veste um jaleco manchado de pressa e responsabilidade. Ela para à minha










Último capítulo