Naquela noite de chuva, o som das gotas contra o vidro do escritório parecia amplificar o silêncio que reinava dentro de Pedro. Ele estava sozinho, cercado por papéis que já não diziam nada, por conquistas que já não o preenchiam. O mundo lá fora seguia indiferente, mas dentro dele, tudo desmoronava. Era como se cada trovão trouxesse à tona uma lembrança, um arrependimento, uma verdade que ele havia enterrado por anos.
Ele se levantou, caminhou até a estante e puxou uma caixa antiga. Dentro, fotos da infância, bilhetes esquecidos, medalhas escolares. E ali, entre tudo, uma imagem de Isabela sorrindo, ainda adolescente, com os olhos brilhando de curiosidade e inteligência. Aquela imagem o atingiu como um soco. Era ela. Sempre foi ela.
Pedro e Isabela se conheciam desde sempre. As famílias Santos e Gomes eram próximas, vizinhas, quase uma só. Cresceram juntos, frequentaram as mesmas festas, estudaram na mesma escola. Mas Pedro sempre se manteve distante. Não por falta de afeto — pelo co