Os dias que se seguiram ao nascimento de Ana foram uma mistura intensa de caos e contemplação silenciosa. A maternidade, com sua força transformadora, parecia ter redesenhado os contornos da casa, convertendo cada cômodo em um território desconhecido, repleto de novos sons, novos cheiros e uma energia que eu não sabia nomear. Cada canto carregava o eco de um choro agudo, o aroma persistente de leite morno, e a presença constante de algo que antes não existia: vida. Uma vida pequena, frágil, mas poderosa o suficiente para alterar tudo ao redor.Isabela se movia pela casa com uma leveza que eu jamais havia presenciado nela. Mesmo exausta, mesmo com olheiras profundas marcando seu rosto e o corpo ainda se recuperando das dores do parto, ela sorria. Sorria para Ana com ternura, sorria para o vazio com serenidade, sorria como quem, enfim, havia encontrado sentido para sua existência. Era como se, ao se tornar mãe, ela tivesse acessado uma parte de si que sempre esteve oculta, esperando por
Leer más