Pedro havia dado espaço a Isabela. Depois de tudo o que fora dito, ele sabia que qualquer palavra a mais poderia ser um peso, uma pressão indesejada. A conversa entre eles, intensa e reveladora, havia se desenrolado sem interrupções — nem Ana, nem o mordomo, nem mesmo Dona Teresa haviam aparecido. Era como se o universo tivesse conspirado para que aquele momento fosse só deles, cru e verdadeiro.
Algum tempo depois, Pedro deixou o quarto. Caminhou pelos corredores da casa dos Santos com passos lentos, como quem carrega o peso de uma decisão que não pode ser desfeita. Ao chegar à sala, encontrou Isabela parada diante da janela, os braços cruzados, o olhar perdido na paisagem escura da noite. A estrada, antes interditada pelas chuvas, agora estava liberada. E com isso, a possibilidade de partida se tornava real.
Ela o percebeu se aproximando e, sem desviar os olhos da janela, disse com voz serena:
— Acho que já fiquei muito tempo nesta casa. Depois de tudo que ouvi... eu preciso de um te