O quarto estava silencioso, mas não em paz. Isabela entrou devagar, os passos hesitantes como se cada centímetro daquele espaço a puxasse para memórias que ela não queria revisitar. O ambiente era familiar — o mesmo papel de parede, os móveis no lugar, o cheiro suave de lavanda que Dona Teresa sempre mantinha — mas algo havia mudado. Ou talvez fosse ela quem havia mudado.
Ela olhou em volta, os olhos percorrendo cada canto. A cama onde havia repousado nos últimos dias, o criado-mudo com o copo de água ainda pela metade, a poltrona onde Pedro ficara sentado por horas enquanto ela dormia. Tudo parecia igual, mas nada era o mesmo. Aquele quarto, que um dia fora símbolo de segurança, agora carregava o peso de revelações, segredos, incertezas, tristeza... e uma solidão que ela conhecia bem. Uma solidão que havia vivido por anos, mesmo quando cercada por pessoas. Uma solidão que agora ela queria eliminar de uma vez por todas.
Ela respirou fundo. Precisava de ar. Um ar diferente. Um ar que n