A porta ainda estava entreaberta quando Isabela parou. O vento da noite entrou pela fresta, trazendo consigo o cheiro de terra molhada e o sussurro de um mundo que parecia conspirar contra qualquer paz. Ela não se virou, mas sua voz cortou o silêncio como uma lâmina afiada:
— Eu não pretendo colocar seu plano a perder, Pedro. — disse ela, firme, sem hesitação — Na frente de todos, vou continuar te tratando como venho fazendo desde que saí dessa casa. Fria. Distante. Profissional. Não quero que pense, nem por um segundo, que estou te aceitando de volta.
Pedro permaneceu imóvel, como se cada palavra dela fosse um golpe que ele merecia receber. Ela continuou, agora virando-se lentamente, os olhos cheios de dor e indignação:
— O que você me fez viver foi tão monstruoso quanto o que meu pai fez à minha mãe. Você reviveu tudo em mim. Cada trauma, cada abandono, cada humilhação. Quando te vi com Sofia... — ela engoliu em seco, a voz falhando — eu revivi toda a história. E isso... isso me des