Uma notificação no celular vibrou sobre a penteadeira. Era de Celina, sua analista financeira e confidente de longa data. A mulher, que também fazia parte da HEM e cuidava discretamente de auditorias internas, havia mandado algo importante.
Celina: “O relatório de repasses de capital ao ateliê está estranho. Há indícios de que parte do valor foi desviado para contas ligadas a... ele.”
Melina soltou a fumaça com lentidão, como se aquilo já não fosse mais surpresa. Tocou o visor com suavidade e respondeu:
Melina: “Continue rastreando. Em breve, vamos fechar esse ciclo.”
Ela sabia que o “ele” era Miguel.
O vento cortava as ruas estreitas do centro financeiro com uma frieza que lembrava a da noite anterior. O dia amanhecia lento, encoberto por nuvens grossas, e Melina caminhava em passos firmes entre os arranha-céus espelhados, com um sobretudo preto e os cabelos presos em um coque impecável. Não havia