Hospital, Recife â 03h48.
Kauan encarava o teto outra vez. O mesmo teto. A mesma luz. Mas agora, o silĂȘncio nĂŁo era paz â era ruĂdo. A enfermeira trocava os curativos, mas ele nĂŁo ouvia. O som que reverberava na cabeça dele era o do metal retorcendo, da explosĂŁo tomando conta, do tempo parando por um segundo antes da dor. E entĂŁo, do nada: â Onde foi? A enfermeira parou. â PerdĂŁo? â Onde foi a explosĂŁo? Ela hesitou. â Senhor⊠a senhora Melina nĂŁo explicou? Ele encarou a parede. â Eu tĂŽ perguntando pra vocĂȘ. SilĂȘncio. â Na rodovia estadual, perto de JaboatĂŁo. Te encontraram a oito metros do carro. Quase sem pulso. â EâŠ? â E tinha vestĂgio de C4 nos escombros. Foi⊠um atentado. Ela saiu logo depois. E Kauan nĂŁo consegui