Hospital, Recife. 06h02.
O monitor apitava num ritmo lento. Regular. Quase poético.E então, ele piscou.Kauan mexeu os dedos. Depois o ombro. Os olhos se abriram devagar, pesados. O teto branco do hospital o recebia com um silêncio ensurdecedor.— Você voltou, porra… — sussurrou a enfermeira, emocionada.Mas ela não ligou para a central.Ligou direto para o número que estava marcado como “EMERGENCY (M)”.---Na sede da HEM, em São Paulo, o celular de Melina vibrou.Ela atendeu sem emoção.— Diga.A enfermeira tremia.— Ele acordou.Por um segundo — só um — a respiração de Melina falhou.Não havia sorriso. Nem lágrima. Só um tipo de susto interno, escondido atrás dos ossos.— Estou a caminho.---Duas horas depois.Kauan estava deitado. Frágil, mas consciente. Cabelos bagunçados, rosto marcado.Quando ela entrou, ele te