Ele é rude e ela um amor. Será que a doçura de uma moça conquistará o coração de um bruto? "Quando olhei para trás, avistei um homem alto e de ombros largos, uma muralha de músculos. Era muito bonito e forte. Sua camisa de botões entreaberta não conseguia esconder seu peito musculoso. Seus cabelos caíam sobre os ombros, os fios tinham cor marrom e usava um chapéu estilo cowboy. Meu coração deu um salto quando fixei os olhos no rosto dele. Tinha sobrancelhas escuras e lábios carnudos. Um calafrio percorreu meu corpo quando me surpreendeu o pensamento que me ocorreu sobre como seria beijar aqueles lábios."
Leer másLívia
Olhei aflita para o relógio pela décima vez. Já era meio dia e quarenta e três. Meu pai havia me dito que viria me buscar ao meio dia, e eu estava contando os segundos com a ansiedade a ponto de me enlouquecer. Minhas coisinhas, que não eram muitas, estavam arrumadas há algumas horas em uma mala velha que peguei escondido no quarto de Mariana, minha mãe.
Eu estava grata que ela nem o namorado estavam em casa e também muito ansiosa e feliz por finalmente sair daquele lugar, com eles estando presente, eu não poderia ao menos sorrir de alívio, visto que até meu sorriso incomodava a mulher que me deu a luz.
Conforme os minutos se passavam e meu pai não chegava, era inevitável não começar a pensar besteiras, sobre como ele poderia ter desistido de me buscar e essas coisas... Estava a ponto de furar o chão de impaciência, andando de um lado para o outro.
— Será que meu pai se esqueceu de mim? — falei em voz alta na intenção de ouvir minha própria frase e me dar conta do quão ridículo era meu pensamento, porque papai nunca faria isso.
Foi quando finalmente ouvi o barulho de uma buzina lá embaixo, corri e olhei pela janela reconhecendo o carro do meu pai, a alegria me agarrou e meu peito acelerou com tanta força que cheguei a pensar que desmaiaria de alívio. Puxei a pequena mala velha e desci correndo as escadas.
— Papai! — corri para abraça-lo, largando a mala no meio do caminho.
Ele retribuiu o abraço forte me erguendo do chão e rodando meu corpo no ar.
— Que saudade. Pensei que não viria mais... — não consegui evitar o nó na garganta e a mágoa na voz.
— Eu esperei tanto por isso, minha princesa... Nunca deixaria de vir, aconteceram alguns imprevistos. Ninguém vai nos separar dessa vez. — o homem com quem me parecia tanto, colocou-me no chão e acariciou meu cabelo — Eu te amo muito e espero que possa me perdoar por não ter estado presente, sua mãe não me deu opções.
— Eu entendo e não te culpo por nada, eu só sentia muita vontade de ter um pai presente, mas agora que eu descobri a verdade, sei que nenhum de nós dois teve culpa, já que você nem sabia da minha existência e nem eu da sua e só ficamos sabendo há alguns meses. Eu também te amo. — falei emocionada e ele me envolveu em outro abraço.
— Minha garotinha já é uma mulher muito bonita, vejo que terei problemas. — coçou a cabeça — Sou um pouco ciumento e agora que tenho você comigo, não sei se suportaria ver algum idiota tocando minha bebê. Você não tem nenhum namoradinho por aqui não, não é? — perguntou sorrindo parecendo um pouco tenso.
— Nunca tive amigos, que dirá namorado. — devolvi um sorriso não muito sincero, porque no fundo sempre existiu um desejo de ter amigos e quem sabe me apaixonar.
Afinal, que sensação deveria ter a de se apaixonar?
— Agora você irá morar comigo e terá o melhor amigo de todos, seu pai. Não quero que sinta tristeza ou se sinta sozinha nunca mais, está bem? — encarei seus lindos olhos e meu queixo tremeu com vontade de chorar, mas me segurei.
— Sim, combinado. Vamos logo? Não vejo a hora de estar bem longe daqui. — pedi e ele assentiu, tirou os braços de mim e caminhou para abrir a porta do carro.
Voltei alguns passos para pegar a mala onde havia soltado-a, entrei no carro e quando papai estava prestes a dar partida, vimos um outro carro se aproximando e segundos depois Mariana e Leonel o namorado, desceram.
— Já vai levar minha garotinha embora? — o imbecil disse sarcasticamente.
Olhei para meu pai e o vi cerrar os punhos, fechar os olhos e descer furioso do carro.
— Cala a boca seu filho da puta! Nunca mais se refira a minha menina como algo seu. Acha que não sei o que tentou fazer com a minha filha? Seu desgraçado! — papai gritou partindo para cima de Leonel desferindo socos em seu rosto.
— Heitor! Solta ele agora! Seu maluco! — Mariana berrou.
Mas meu pai parecia não estar ouvindo nada, movido por sua raiva e rancor, continuou batendo, espancando o vagabundo. Eu deveria fazer alguma coisa, porque por mais que Leonel merecesse apanhar até a morte, eu não queria que meu pai se metesse em problemas por causa daquele monstro.
Desci do carro e corri até eles.
— Ei, pai, por favor vamos embora. Não vale a pena se meter em problemas por causa desse idiota. — tentei puxá-lo pela camisa, até que se acalmou e se afastou, com os punhos sujos de sangue e respiração ofegante.
— Você merece muito mais, só não te mato pra não fazer minha filha sofrer com minha ausência novamente. Desgraçado! — os olhos do meu pai estavam vermelhos de ódio.
A imagem pareceu perturbadora de início, mas Leonel havia mexido com a filha dele, era apenas um pai de verdade defendendo sua criança, porque era assim que ele me via, como sua criança que precisava de proteção depois de tanto tempo longe.
Mariana correu para socorrer o namorado, xingando meu pai de todos os nomes possíveis.
— E você Mariana, ainda vai pagar pelos maus tratos a minha filha. Você se safou porque esse desgraçado é policial e conseguiu de alguma forma corrupta sair ileso das acusações assim como você, mas eu vou dar um jeito em vocês. Aguardem! — papai jurou e me puxou gentilmente para o carro.
Ela não disse mais nada. Quando eu estava sentada dentro do carro eu a olhei pela última vez e encontrei seu olhar em mim também, nos encaramos por vários segundos até que o carro começou a se afastar lentamente.
Sinceramente, eu não sabia o que significava aquele olhar, entretanto, nunca mais queria sentí-lo em mim ou vê-lo novamente.
— Me perdoe por ter feito você ver tamanha violência. — eu deitei a cabeça em seu ombro e beijei sua bochecha.
— Confesso que gostei de ver aquele monstro apanhando e a cara da mamãe olhando aquilo tudo. Obrigada por me defender.
— Foi pouco. — me olhou com ternura e pude sentir o amor de um pai transbordando de seus olhos, isso aqueceu meu coração.
— Rápido! Aqui! Alguém me ajude, minha esposa desmaiou! — Demétrio gritou entrando no hospital, desesperado.Os enfermeiros correram para ele empurrando uma maca e ele colocou-a sobre ela.— Senhor, precisamos que aguarde aqui sua esposa passar pelos primeiros socorros. — uma enfermeira informou antes de desaparecer com sua esposa pelo corredor.Demétrio estava tremendo, com tanto medo de que fosse algo grave. Lívia era tão forte, já era adulta mas para ele, ainda era sensível e que precisava de seus cuidados. Após meia hora, Demétrio andava de um lado para o outro preocupado passando as mãos pelos seus cabelos.— Senhor, sua esp
Alguns anos depois...— Linda, chegaremos atrasados. — Demétrio chamou sua esposa, que se olhava pela décima vez no espelho — Já coloquei as crianças no carro.— Espera, já vou, preciso estar bem na minha formatura. — Lívia falou e Demétrio sorriu.— Você está maravilhosa com essa roupa e também estava com todas as outras dez que você experimentou.Lívia sorriu e girou para ele que estava na porta.— Estou pronta. — ela disse e Demétrio soltou um suspiro de alívio.— Você está simplesmente maravilhosa. — elogiou a esposa.— Obrigada. — ela sorriu para ele — Pegou a cobertinha roxa da Sofia?— Sempre. A última vez que me esqueci, me arrependi amargamente, ela não dorme sem esse cobertor. A menina é brava.&mdash
LíviaDois meses se passaram. Eu tive alta nos primeiros dias, mas os bebês não, pois precisavam de mais tempo em observação, mas estavam ganhando peso e estavam saudáveis. Me recusei a ir para casa, então o quarto do hospital particular virou quase minha casa e de Demétrio, visto que ele também não quis ir embora, apenas ia buscar o necessário na fazenda e voltava.Meu pai e Maria vieram nos visitar várias vezes e quando contei que seu neto se chamaria Heitor ele chorou de felicidade e orgulho. No mês anterior meu irmãozinho nasceu, de parto normal, muito saudável.Aquele era um dia muito especial. Meus filhos estavam fazendo dois meses e iríamos levá-los para casa.Ao chegarmos na fazenda, Maria e meu pai juntamente com Sônia e Fredéric haviam preparado uma comemoração de boas-vindas pa
Lívia— Eu sinto muito. — disse o doutor.Eu ainda não podia acreditar no que estava acontecendo. Meu bebê, meu anjo que eu gerei com tanto amor, o fruto do amor da minha vida. Minha princesa se foi.Era a pior dor do universo. Se eu imaginei algum dia ter conhecido o sofrimento, estava totalmente enganada... Sofrimento era perder uma parte de você.— Eu quero segurá-la. — Demétrio pediu, chorando.O médico pegou a bebê e entregou a Demétrio, ela ainda estava corada, mas tão pequena, parecia estar dormindo.Demé
LíviaEu sabia que precisava ter calma, mas era difícil quando meus filhos estavam correndo risco, ninguém me disse nada mas eu sabia, se eles estivessem bem estariam aqui no meu colo ou rapidamente me confortariam com a notícia.— A senhorita perdeu muito sangue, e isso prejudicou um de seus bebês. A menina. — o médico foi falando calmamente enquanto uma dor crescia dentro de mim e eu soluçava — O menino está saudável, porém como são prematuros, precisam ganhar mais peso e aprenderem a respirar sozinhos. Estão na incubadora.Ao mesmo passo que eu estava aliviada pelo meu menino, estava preocupada pela minha menina.
Lívia — Mari, avise ao Demétrio e ao meu pai, por favor. — minhas palavras saíram quase inaudível. A dor estava quase insuportável e eu sentia sangue escorrendo.— Eu farei isso quando chegarmos ao hospital. Agora tenho que dar atenção a você, vai dar tudo certo.— E se não der? Por favor Maria, se algo acontecer com meus filhos eu não vou superar nunca. — as lágrimas insistiam em cair, não elas não insistiam, eu queria chorar e muito.Eu estava grata por Maria estar comigo, no entanto, tudo que mais queria era Demétrio ao meu lado.— Lívia, os seus filhos vão ficar bem. — Marcos disse, me dando força também.Naquele momento eu não me importei com o que ele fez, ele estava sendo gentil, me colocou no carro e nos ajudou.Ele olhou para mim no momento que o olhei e franziu as sobrancelhas.— Não feche os olhos. Converse co
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