O relógio digital do meu escritório marcava 19h14 quando a porta se abriu sem aviso. Só uma pessoa fazia isso e saía impune.
— Ainda trabalhando? — a voz grave de Dante preencheu o espaço, como se fosse parte do ar que eu respirava.
Levantei os olhos. Ele estava encostado no batente da porta, o terno impecável contrastando com o cansaço visível nos traços do rosto. Mas o olhar... o olhar estava mais afiado que de costume.
— O que você acha? — perguntei, inclinando-me para assinar o último documento da pilha. — Alguns de nós não podem se dar ao luxo de aparecer só no fim do dia.
Ele sorriu e se sentou à minha frente.
— E então, terminou? — perguntou. — Estou cansado, tive algumas reuniões mais cedo e agora só quero relaxar.
— Nem me fale. O dia foi exaustivo demais. Tudo que quero é descansar um pouco.
— Então faremos isso juntos.
Estava prestes a responder quando o celular vibrou. Era Lívia, ligando preocupada. Tranquilizei-a dizendo que estava tudo bem. Ela avisou que iria para minha