Depois que Dante se afastou, entrei no carro sentindo o calor da noite grudar na pele como um lembrete. Jarbas perguntou se eu queria passar em algum lugar, mas neguei com um gesto sutil. Tudo que eu queria era chegar em casa. Sozinha. Em silêncio.
Mas não havia silêncio suficiente no mundo para abafar o que ele disse.
“Quando eu te beijar, não vai ser em frente a um restaurante. Vai ser quando você me permitir tirar todas essas camadas... até não sobrar nenhuma armadura entre nós.”
A frase ecoava como uma canção presa entre os meus pensamentos. Repetida, testada, saboreada.
Cheguei em casa e não encontrei Elisa pela sala, o que era ótimo. Não queria explicações, muito menos perguntas. Subi os degraus devagar, como se meu corpo carregasse um peso que nem o salto médio do jantar conseguia equilibrar. Ao passar pelo corredor, vi meu reflexo no espelho: os cabelos levemente soltos, os olhos mais brilhantes do que deviam estar. Havia algo em mim que não reconhecia. Ou talvez... algo que t