O som do armário se fechando ecoou no silêncio como um selo sobre um segredo antigo.
Rafael mantinha a chave entre os dedos como se segurasse um pedaço da própria história.
Ana, ao seu lado, sentia a garganta seca, a respiração presa.
Os olhos de ambos estavam cravados naquela pequena fita cassete, naquele objeto frágil, mas carregado de uma possível verdade devastadora.
— Preciso de um gravador. Rafael murmurou, quase para si mesmo, os olhos ainda fixos na fita como se temesse que ela sumisse se piscasse.
Ana assentiu.
—No escritório tem um.
—Um daqueles antigos, da época do meu avô.
—Ele o usava para registrar entrevistas e relatos.
Está na gaveta de cima da escrivaninha.
Caminharam juntos até lá.
A sala de estudos de Anselmo era uma cápsula no tempo.
Cortinas pesadas filtravam a luz da manhã, lançando sombras macias sobre móveis de madeira escura.
A estante guardava dezenas de livros de capa grossa, tratados jurídicos, literatura clássica e volumes de hist