Ecos Subterrâneo
Naquela madrugada, a chuva caiu sem tréguas sobre Vale das Rosas, como se o céu quisesse lavar a poeira dos segredos antigos.
Ana Luísa despertou com o som rítmico das gotas no telhado da casa e o eco distante de um trovão que estremecia as paredes grossas do casarão.
Sentou-se na cama com um sobressalto, como se algo a tivesse chamado.
Havia um peso no ar. Uma urgência invisível.
Vestiu um casaco grosso sobre a camisola, calçou botas e desceu com uma lanterna em mãos.
Não sabia ao certo o que procurava, mas havia aprendido a confiar no instinto desde que colocara os pés naquela casa.
O porão a aguardava como um sítio arqueológico.
O cheiro de terra úmida e madeira antiga se intensificava conforme ela descia os degraus.
Os feixes da lanterna recortavam a escuridão em ângulos irregulares.
Passou pelas prateleiras que já havia vasculhado e se dirigiu a um canto onde antes havia apenas uma estante de caixas vazias.
Algo lhe dissera que aquele canto guardava mais