O Nome Esquecido
Ana não conseguia desviar o olhar da fotografia. A menina tinha olhos muito parecidos com os seus amendoados, com um brilho contido que a lente em preto e branco parecia não conseguir apagar.
“Elisa Gomes Vasconcellos”, lia-se no canto inferior da ficha.
Uma data de nascimento, uma de entrada no programa.
Nenhuma de saída.
— Isso muda tudo. Ela murmurou, a voz falhando.
Rafael se aproximou, colocando uma mão suave sobre seu ombro.
— Elisa, era da sua família?
Ana assentiu lentamente, tentando domar a angústia que lhe apertava a garganta.
— Minha mãe falava pouco dela. Dizia que morreu de febre quando era pequena.
—Mas nunca houve foto. Nunca vi túmulo.
–Agora entendo. Ela foi apagada.
—Como tantos outros.
Silêncio!
Um silêncio pesado, que envolvia cada parede do armazém como uma segunda pele.
Lá fora, o céu cinzento começava a dar sinais de abertura, mas ali dentro o tempo parecia congelado cristalizado em dor, omissão e medo.
Com