As Marcas Que Ficaram
A fumaça ainda se erguia em espirais negras quando os bombeiros apagaram os últimos focos do incêndio.
O carro de Rafael, agora uma carcaça retorcida e chamuscada, repousava em frente à casa como um aviso.
Ana Luísa, de braços cruzados, sentia o peito apertado. O cheiro de borracha queimada parecia entranhar-se na pele, nos cabelos, na memória.
Rafael mantinha o olhar fixo nas chamas apagadas. Seu maxilar tenso, os punhos cerrados.
— Não foi acidente. Não foi uma brincadeira. Foi uma resposta. Ele disse em voz baixa, carregada de raiva contida.
Ana tocou seu braço, tentando transmitir um conforto que ela mesma não sentia.
— Eles estão nos observando. Sabem que estamos perto de algo grande.
—Mas se acham que isso vai me fazer parar, estão enganados.
Viviane observava da varanda, trêmula.
— Talvez devêssemos envolver a polícia.
— Com que provas, tia? Ana respondeu.
— Tudo o que temos são fragmentos. Códigos, bilhetes, memórias.
—E agora um ca