O bar estava quase vazio, envolto numa penumbra confortável, com um jazz suave ao fundo. Eros já estava na terceira dose de uísque. O copo pesado em sua mão, os olhos fixos no nada.
— Nunca pensei que fosse me apaixonar por alguém como ela… — murmurou ao barman, um senhor de meia-idade que só assentia, limpando copos com paciência.
— Ela quem? — perguntou o homem, num tom neutro.
— Harper. Uma mulher que nem parece real. Me tirou do eixo… e agora desapareceu como se nunca tivesse existido.
— Talvez esteja se escondendo de você.
Eros sorriu, amargo.
— Eu também me esconderia de mim, se pudesse.
Foi quando sentiu o perfume. Aquela fragrância inconfundível. Doce, mas densa. Envolvente. Harper.
Virou-se de repente, os olhos procurando. O coração acelerou.
Mas não era ela.
Era Mila, com um vestido justo, sorriso tímido e o perfume... igual.
— O que está fazendo aqui? — ele perguntou, os olhos semicerrados.
— Vim ver você. Estava preocupada. — disse ela, sentando-se ao seu lado.