Eros a encarou. Não respondeu de imediato. Mas a intensidade no olhar falava mais do que mil palavras.
Harper segurava o tecido com os dedos delicados, observando Hedi ajustar a costura com a precisão de um cirurgião. O ateliê estava silencioso, exceto pelo som suave da tesoura deslizando.
— Vê isso aqui? — ele apontou — Não é só sobre corte, é sobre intenção. Cada linha precisa ter propósito. A peça precisa falar antes de alguém dizer qualquer coisa.
Ela assentiu, concentrada. Estava com os cabelos presos num coque desleixado, sem maquiagem, vestida com uma camisa larga e jeans — diferente da Harper glamourosa que Paris esperava. Mas ali, ela era só uma aprendiz. E Hedi começava a enxergar valor nisso.
— Você tem visão — disse ele, por fim, o que vindo dele já era quase um elogio. — Mas precisa aprender a ouvir o tecido. E controlar esse ímpeto de querer dominar tudo. Criação não é sobre controle, é sobre entrega.
Harper engoliu seco. Aquilo bateu mais fundo do que esperava.
— P