CAMILA NOGUEIRA
A luz da manhã entrou pela janela do quarto, dissipando as sombras da noite anterior. Acordei sentindo-me estranhamente mais leve, apesar do segredo monumental que agora eu carregava no ventre . A tempestade emocional da noite anterior tinha lavado parte do medo paralisante, substituindo-o por determinação.
Eu ia sair. Eu ia trabalhar. E eu ia proteger essa criança, custasse o que custasse.
Arthur já tinha saído quando me levantei. Ele manteve a promessa. Sobre a penteadeira, havia um lembrete físico do nosso acordo. Um novo celular, preto, básico, ao lado de um rádio comunicador pequeno e discreto. E um bilhete:
"Bruno está te esperando. Bom trabalho, minha rainha."
Me vesti com cuidado. Escolhi roupas que não apertassem a barriga, embora ainda não houvesse nada visível. Uma calça de alfaiataria preta de cintura alta e uma blusa de seda solta. Olhei-me no espelho. A palidez ainda estava lá, mas a maquiagem ajudou a esconder as olheiras.
Desci as escadas. Bruno estava