ARTHUR VASCONCELOS
Subi as escadas. Percebendo que o silêncio na ala leste da casa era absoluto. Ela poderia estar em qualquer um dos cinco quartos de hóspedes. Comecei pelo primeiro, a porta estava ligeiramente entreaberta.
Parei no limiar, com a mão no batente. Ela estava no meio do quarto, de costas para mim, de frente para a enorme janela de vidro que ia do chão ao teto e exibia a vastidão do jardim. Ela não estava chorando, nem triste. Estava com fones de ouvido, o fio branco desaparecendo em seu cabelo escuro. E se movia.
Não era uma dança, não exatamente. Era um balanço lento, os braços cruzados sobre o peito como se estivesse se abraçando, os quadris se movendo em um ritmo suave que apenas ela podia ouvir. Ali, naquele movimento, eu não vi a noiva do acordo. Eu vi a mulher do baile. A mulher que me fez mudar todos os meus planos.
Minha mente foi arremessada para o passado, cinco meses antes.
Flashback – Baile de Aniversário da Nogueira Importações
O salão de festas