CAMILA NOGUEIRA
Se passaram setenta e duas horas de ar-condicionado filtrado e silêncio.
Arthur cumpriu sua promessa ou melhor, sua ameaça. Na manhã seguinte à nossa discussão, acordei sozinha. Ele já tinha saído, deixando para trás apenas um bilhete na mesa de cabeceira: "É para o seu bem. Volto cedo." Depois disso descobri que todas as portas de saída estavam trancadas e nenhum funcionário estava disposto a abrir.
Desde então, minha rotina se tornou um ciclo monótono e sufocante.
Tentei trabalhar. Ah, como eu tentei. Montei um escritório improvisado na biblioteca, determinada a continuar a organização dos arquivos da Nogueira Importações que fossem possíveis digitalmente. Mas a tecnologia parecia conspirar contra mim. Ou melhor, Arthur conspirava.
A conexão caía sempre que eu tentava acessar o servidor remoto da empresa do meu pai. E-mails voltavam. Downloads travavam em 99%. Quando liguei para o suporte técnico da mansão, fui informada educadamente que o sistema estava passando por