ARTHUR VASCONCELOS
Eu observei seu rosto.
Ela estava parada na entrada da galeria, a boca ligeiramente aberta, os olhos arregalados. As luzes da cidade de São Paulo, a um mundo de distância lá embaixo, vazavam pelas paredes de vidro, delineando sua silhueta contra as sombras das obras de arte. Camila estava paralisada pela magnitude do lugar.
Precisa fazê-la esquecer nossa pequena conversa no closet. Lúcia. Aquela víbora imunda teria seu acerto de contas. Minha equipe já estava em cima dela, rastreando passo e cada ligação. Bruno me ligaria antes do fim da noite com o nome do informante. E eu arrancaria a verdade dele, mesmo que tivesse que fazer isso pessoalmente. Ninguém contamina minha esposa.
Mas, por enquanto... eu precisava apagar a memória daquela briga. Precisava lembrá-la de como era estar comigo.
— É impressionante no escuro — minha voz soou alta no silêncio. — Mas as luzes de emergência não fazem justiça.
Camila se virou para mim, os olhos ainda largos. Ela parecia pequena