CAMILA NOGUEIRA
— Onde. Diabos. Você. Ouviu. Isso?
A voz dele era gelada. O homem que me abraçava, o marido que veio para casa cedo para um encontro romântico, desapareceu.
Eu podia sentir seus braços, que antes eram um abraço quente, agora eram barras de aço me prendendo. Minha própria imagem no espelho estava pálida e os olhos arregalados de pânico.
— Eu respondo a sua pergunta... se você responder a minha primeiro.
Eu o vi estreitar os olhos no espelho. E então, ele me moveu.
Foi rápido e brutal. Ele me girou, arrancando-me de frente para o espelho, me fazendo encará-lo. Suas mãos agarraram meus ombros, os dedos cravando no meu moletom e na pele por baixo.
— Isso não é uma barganha, Camila — seu rosto estava a centímetros do meu, os olhos cinzentos agora tempestuosos, escuros. — Responda agora.
A força de seu aperto era assustadora. A dor aguda em meus ombros me fez estremecer.
— Arthur... — minha voz falhou. — Você está me machucando.
A transformação foi instantânea, como s