Henrique chegou à Vasconcelos Corp perto das dez da noite. O prédio estava praticamente vazio, exceto por algumas luzes de emergência e o brilho tênue vindo da sala de reuniões onde Eduardo o aguardava. O clima era de expectativa silenciosa, como se algo estivesse prestes a se romper.
— Revisei os registros de acesso da Marina nas últimas três semanas — anunciou Henrique ao entrar. — Tem padrões curiosos. Ela passa muito tempo em setores que não têm relação direta com o trabalho dela.
Eduardo estava em pé, diante da parede de vidro, olhando a cidade como quem procura respostas no escuro.
— Ela não comete erros... mas também não se comporta como alguém comum. É controlada demais. E você sabe, Henrique: quem esconde alguma coisa tenta parecer invisível.
Henrique assentiu. Era esse o problema. Marina não cometia deslizes. O que a denunciava era justamente sua precisão. Horários repetidos, rotinas previsíveis demais. Uma atriz de um papel que ninguém havia lhe dado.
— Ela monitora Helena.