A mansão estava mergulhada no mesmo silêncio que envolvia Helena desde o evento beneficente. O som dos próprios passos nos corredores ecoava como um lembrete incômodo de que Eduardo havia a deixado sozinha, mais uma vez.
Helena subiu direto para o quarto, fechando a porta sem fazer alarde. Queria distância. Queria entender por que, mesmo fingindo não se importar, aquilo tinha doído tanto. Do lado de fora, Eduardo passou pela porta entreaberta, hesitando por um instante. Mas não entrou. Não era o momento — e, na cabeça dele, talvez nunca fosse.
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Na manhã seguinte, Helena despertou com a mesma sensação de incômodo. Vestiu-se mecanicamente e desceu para o café. Eduardo não estava ali, como de costume. Melhor assim. Quanto menos o visse, melhor para manter o pouco de controle que ainda possuía.
Foi a campainha que quebrou o silêncio. Ela mesma atendeu, sem chamar ninguém. O interfone soou duas vezes, insistente.
— Entrega para o senhor Eduardo Vasconcelos — disse o entregador,