Gael Lubianco
Assim que a porta do escritório se fechou atrás de mim e de Paulina, ficou claro que nada de bom sairia dali. O olhar dela denunciava intenções que iam muito além de qualquer conversa. Uma vida inteira de convivência já tinha me ensinado cada truque, cada sorriso ensaiado, cada gesto calculado para desestabilizar.
Encostei-me na mesa, buscando calma, enquanto ela rondava o espaço como uma felina prestes a atacar.
— Então é isso? — começou, voz doce, mas envenenada. — Virou o grande pai de família… tão bonitinho, não é?
Silêncio foi minha resposta inicial. Cansei desse jogo. Paulina sempre soube como provocar, como usar as palavras certas para puxar alguém de volta ao passado. Mas havia uma linha clara que não seria ultrapassada.
Quando se aproximou de repente, deslizando os dedos pela barra da calça, segurei-lhe a mão com firmeza.
— Chega, Paulina. — A voz saiu baixa, cortante. — Para com isso.
Ela arqueou uma sobrancelha, sorrindo de canto, como se tivesse acabado de ou