Leandra Félix
A noite tinha um gosto amargo de despedida. Depois de deixar a mansão, o silêncio do carro pareceu gritar mais alto que qualquer discussão. A cada quilômetro percorrido, a mente revivia as últimas palavras ditas, os olhos dele cheios de confusão, o som abafado do zíper da mala… era impossível apagar aquilo tão cedo.
As luzes da cidade passavam rápidas pela janela, refletindo nas lágrimas teimosas que insistiam em escorrer. Havia uma sensação estranha de vazio, uma mistura de dor e alívio, como se algo dentro tivesse finalmente desabado depois de resistir tempo demais.
O motorista perguntou o destino, e a resposta saiu quase num sussurro.
Quando cheguei minha amiga abriu a porta, ainda com o cabelo preso num coque desfeito e um moletom velho. Bastou ver o rosto dela para que a preocupação aparecesse instantaneamente.
— Leandra? O que aconteceu? — perguntou, abrindo espaço para a entrada.
Um sorriso sem força foi tudo o que se conseguiu oferecer. O corpo parecia pesado