Respirei fundo algumas vezes para evitar que as lágrimas caíssem, Charlotte pegou minha mão e me guiou até o banco. O toque dela era suave, quase materno, e por um instante, senti vontade de simplesmente me deixar desabar.
— Por favor, me conta, querida.
As palavras dela soaram como um convite ao desabafo que vinha tentando segurar há dias. Mas algumas coisas eram difíceis demais de colocar em voz alta, principalmente quando envolviam amor, dor e promessas quebradas.
— Há questões que não posso resolver, apenas seu filho pode — respondi, tentando manter a voz firme, mesmo com o coração desmoronando por dentro. — Por isso vou para o estágio na Flórida.
O espanto se desenhou no rosto dela.
— Como assim? Flórida? E meus netos? — perguntou, colocando a mão trêmula sobre meu ventre.
Aquela simples ação foi o suficiente para me fazer respirar com mais cuidado. Era como se cada palavra precisasse ser escolhida com delicadeza para não ferir o amor que Charlotte sempre teve por mim.