Quando Roger finalmente se despediu, deixando o jardim com aquele jeito teatral que sempre carregava, senti um peso sair do ar. Os meninos, alheios a toda tensão que se formara, ainda riam enquanto corriam atrás um do outro, seus passinhos pequenos enchendo o espaço de alegria. Suspirei, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha, e voltei os olhos para Gael.
Ele permanecia de pé, braços cruzados, olhar fixo em direção ao portão por onde Roger havia desaparecido. Sua expressão, embora contida, era carregada de algo que eu não conseguia definir. Não era raiva, tampouco indiferença. Era como se ele estivesse travando uma batalha silenciosa dentro de si.
Aproximei-me, parando diante dele, tentando decifrar aquelas feições tão fechadas.
— O que foi aquilo, Gael? — perguntei, quebrando o silêncio.
Ele virou o rosto lentamente em minha direção, arqueando uma sobrancelha, e fez apenas uma careta, como quem não queria admitir nada. Aquele gesto, no entanto, dizia muito mais do que qualquer