Leandra Félix
Roger sempre teve aquele jeito expansivo, cheio de palavras e histórias, como se fosse capaz de encher qualquer espaço com a própria presença. Ao se sentar na grama, entre mim e Gael, a naturalidade com que se comportava fez parecer que aquele lugar sempre fora dele.
Logo após brincar um pouco com os meninos, soltou uma frase que arrancou um riso leve, mas também deixou alerta:
— Você continua divertida, Leandra. Animada como sempre. Você e dona Almerinda sempre fizeram bem para mim.
O coração deu um leve aperto ao ouvir o nome da minha avó. Antes que fosse possível responder, ele completou:
— E confesso que quando voltei, uma das primeiras coisas que pensei foi: será que ainda existe um bolo quentinho me esperando na cozinha daquela casa?
Sorri, apesar da dor que começava a apertar no peito.
— Minha avó sempre foi assim, Roger. Hospitaleira demais, até para quem não merecia.
As palavras saíram carregadas de emoção. Baixei os olhos para as mãos, evitando que ele percebes