As paredes da solitária não tinham cor. Ou, se tinham, os anos e o mofo se encarregaram de apagá-la. O chão era úmido, o cheiro de ferro e sujeira impregnava no corpo, e a ausência de som era o pior tipo de barulho. Aqui dentro, o tempo não passava. Ele escorria lento, feito sangue de um ferimento aberto.
Eu me encolhia no canto, tentando conter o frio, tentando conter o medo. Mi-rae estava em coma. Esfaqueada. Quase morta. E, agora, as detentas mentiram dizendo que fui eu.
Claro que disseram. Tae-ho as comprou, como comprou todos os outros. Prometeu redução de pena, dinheiro, proteção — sei lá o quê. E, agora, minha situação só piorava.
A porta se abriu de repente, e uma luz violenta invadiu a cela. Dois guardas entraram.
— Levanta. Banho de sol.
Fazia três dias que eu não via a luz do sol. Meus joelhos doíam, minha cabeça latejava, e minha alma... bom, essa estava desmanchando.
No pátio, o sol não me aqueceu. A sensação de estar sendo observada era constante. As outras presas me enc