A rotina na prisão já era sufocante. O olhar de desconfiança das outras presas, as palavras murmuradas quando eu passava, o medo constante de algo acontecer… Mas nada me preparou para o que viria naquela tarde.
Eu estava lavando algumas peças de roupa no pátio interno quando ouvi os gritos. Os guardas correram. O sangue, espesso e quente, se espalhava no chão. Mi-rae estava caída, com uma faca cravada no estômago. Uma das detentas — Joo-hee, uma mulher conhecida por seu silêncio e por já ter esfaqueado outra presa anos antes — segurava a arma com mãos trêmulas, mas o olhar... O olhar era frio, calculado.
Fui até Mi-rae, instintivamente. Ela ainda respirava, com dificuldade, os olhos buscando os meus.
— Soo-ah... — ela sussurrou, e depois seus olhos se reviraram. Desmaiou nos meus braços.
Os guardas me arrastaram dali. Eu gritava que não tinha sido eu, que não sabia de nada. Mas as outras detentas começaram a murmurar.
— Foi ela.
— Vi quando ela puxou a faca.
— Elas estavam brigando on