Esperei no escuro.
A casa dela estava silenciosa, fria. Novamente Tae-ho havia mudado de endereço. Apenas a luz fraca do poste da rua entrava pelas frestas da cortina. Sentei no sofá da sala como um fantasma — um homem que não reconhecia mais o próprio rosto no espelho. O relógio marcava duas da manhã quando ouvi o carro estacionar.
Tae-ho entrou como sempre: leve, segura, com aquele perfume enjoativo que eu passei a detestar. Ela parou assim que me viu. A sombra do meu corpo sentado ali, imóvel, pareceu perturbá-la por um breve segundo.
— O que faz aqui, Eun-woo?
Me levantei devagar. O sangue pulsava nas têmporas.
— Estava esperando você…
Minha voz soou mais calma do que eu imaginava. Mais fria do que qualquer inverno que eu já tivesse conhecido.
Ela sorriu, aquele sorriso cínico, teatral.
— Veio me agradecer por finalmente tirá-la do seu caminho?
— Cale a boca. — Falei com firmeza. — Eu sei como você tem conseguido manipular tudo. A polícia, os laudos, as imagens... tudo.
Ela cruzou