Na manhã seguinte, enquanto a firma ainda se ajeitava do caos da véspera, Rodrigo e Henrique escaparam por uns minutos até a padaria da esquina. Não era exatamente um ritual, mas nas manhãs mais pesadas, um café fora de lá sempre ajudava.
— E aí, como foi o almoço com o chefão? — Rodrigo perguntou, enquanto colocava açúcar no cappuccino.
Henrique deu uma risadinha curta.
— Mais silêncio que conversa, como sempre. Mas entre uma garfada e outra, ele largou um: “bom faro naquela menina”.
Rodrigo ergueu as sobrancelhas.
— De Augusto, isso é praticamente uma serenata.
— Pois é. Falou que ela tem iniciativa, pensa rápido e não perde tempo se preocupando se a ideia é boa demais pra vir de uma estagiária. Que é assim que se pensa grande.
— Ele elogiando um ser humano? Já mandou o exame de sangue dele?
Henrique riu de verdade dessa vez.
— Disse também que eu fiz bem em contratar. Mas aí fez questão de cortar qualquer leitura emocional do elogio. Do tipo: “estagiária promissora, mas ma