Henrique estava voltando do café, ainda com as palavras de Rodrigo martelando em algum canto incômodo da cabeça, quando entrou na recepção do escritório. Estava decidido a se distrair com qualquer tarefa banal, mas o universo tinha outros planos — e nome: Elize.
Ela surgiu vindo pelo corredor com uma pasta grossa de processos apertada contra o corpo, os olhos correndo pelas folhas como se devorassem cada linha.
Henrique parou. Literalmente. Um passo a menos e teria esbarrado em uma planta decorativa. Mas o que o imobilizou mesmo foi a imagem dela.
Vestia um blazer azul escuro, levemente acinturado, que destacava sua postura decidida e elegante. A calça de alfaiataria clara, justa na medida certa, alongava ainda mais a silhueta. O salto fino batia com firmeza no chão, ritmado com a determinação dos seus passos. O cabelo, solto e propositalmente jogado sobre um dos ombros, escondia parte do rosto — o suficiente para deixá-lo curioso. Faminto.
Henrique prendeu a respiração por um inst