Rodrigo surgiu encostado na moldura da porta da recepção, no meio da correria de meio-dia, com o paletó pendurado em um dedo e um sorriso despreocupado no rosto.
— E aí, estagiária, bora almoçar?
Elize riu com a informalidade, mas sua barriga roncou em resposta, denunciando que já estava na hora. O impulso foi negar — pensou rápido no preço de qualquer prato na região central da cidade —, mas antes que abrisse a boca, ele completou:
— Relaxa, é por minha conta. Considere um presente de boas-vindas. E não pode recusar, hein, que eu me ofendo fácil.
Ela hesitou por mais um segundo, mas acabou cedendo com um sorriso.
— Tá bom, doutor. Mas só porque minha dignidade tá ocupada brigando com a fome.
Eles seguiram a pé, cruzando calçadas movimentadas entre os prédios envidraçados da cidade. Rodrigo foi tirando o paletó, afrouxando a gravata, e desabotoando um ou dois botões da camisa com um suspiro.
— Pronto. Agora pareço gente normal — brincou.
Elize reprimiu uma risada, mas