Helena não tinha nenhum processo para analisar naquele momento, mas não precisava deles para trabalhar.
Enquanto digitava uma ou outra anotação e atualizava a agenda, a cabeça dela trabalhava a mil por hora.
Não para ganhar uma causa no tribunal, mas para transformar uma antiga conexão adolescente em algo mais sólido, mais presente.
Levar Henrique de parceiro de trabalho a companheiro de vida era, afinal, tão importante para Augusto quanto para ela mesma.
Embora nunca tivesse sido clara sobre seus sentimentos, Helena guardava uma memória viva e quente de anos atrás.
Não foi uma paixão adolescente escancarada, mas uma centelha tão marcante que perdurou no tempo.
Um beijo roubado, simples e rápido, mas tão significativo…
Lembrava-se perfeitamente: uma noite de outono, uma conversa despretensiosa sobre o futuro, e Henrique percebendo a tristeza nos olhos dela quando contou que o pai pretendia mandá-la para fora do país para estudar Direito.
Não era uma decisão dela, mas