Arthur girava a garrafa de uísque nas mãos como se ela pudesse, de algum modo, resolver os nós na cabeça dele.
  Estava na metade quando recebeu a mensagem de Henrique.
  Ele soltou um suspiro pela metade e, sem cerimônia, levou a garrafa direto à boca.
  Um gole, depois outro. Ainda era cedo, mas o tempo parecia não fazer diferença quando se estava cavando a cova da própria família.
  Foi quando a porta se abriu devagar.
  — Arthur? — Elize apareceu segurando uma pasta fina de documentos. — Preciso da sua assinatura nesse pedido de protocolo.
  Ele arqueou a sobrancelha e ergueu a garrafa no ar, como quem brindava à presença dela.
  — Pegou no flagra. Mas relaxa, é uísque terapêutico.
  Elize entrou, desviando da provocação.
  — Terapia é com psicólogo. E durante o expediente?
  — É, tô ciente das regras da casa. Mas tem hora que até a Glória fecha os olhos — ele assinou o papel e devolveu, sem perder o olhar nela. — Senta aí. Tô precisando de companhia.
  — De novo com essa mania d