O sol ainda se espreguiçava no céu quando Henrique amarrou os tênis, encostado na mureta da orla. A maré baixa deixava visível o caminho de pedras que cortava um trecho da praia, e o ar tinha aquele cheiro salgado que grudava na pele.
Beatriz chegou pontualmente, como sempre. Um conjunto esportivo justo, fones nos ouvidos e um sorriso grande demais para quem dizia odiar acordar cedo. Henrique a observou por um instante antes de acenar. Ela correu até ele, tirando os fones.
— Eu mereço um troféu por isso — disse, ofegante, enquanto prendia o cabelo num coque. — Você sabe que eu prefiro suar na sua cama.
Henrique riu, começando a caminhar devagar ao lado dela.
— Prometeu que viria, lembra? Palavra é coisa séria.
— Só quando é você que cobra — retrucou, piscando um olho.
Começaram a correr em ritmo leve. O barulho dos tênis no asfalto se misturava às ondas batendo de leve. Por alguns minutos, foi só isso. Silêncio confortável. O tipo de momento que deveria dizer algo sobre in