Henrique chegou em casa por volta das onze da noite. O congresso tinha superado suas expectativas — não pelos temas, nem pela plateia, mas por ela. Elize Andrade.
O nome soava de maneira quase poética em sua mente. Não porque fosse conhecido — disso ele tinha certeza — mas por algum motivo que ainda não conseguia decifrar.
Jogou as chaves na mesinha da entrada e logo o celular vibrou. Era uma ligação de seu pai.
— Filho! E aí, como foi o congresso?
Henrique se sentou no braço do sofá, afrouxando o colarinho da camisa.
— Foi bom, pai. Mais do mesmo. Mas... — ele hesitou, olhando para o chão. — Teve uma aluna que fez uma pergunta interessante. Me chamou atenção.
Do outro lado da linha, o juiz aposentado e sempre pragmático não perdeu tempo.
— Interessante profissionalmente, ou pessoalmente?
Henrique riu, um pouco constrangido.
— Ainda não sei. Talvez os dois. Mas parece ser alguém com potencial. Estou pensando em convidá-la para um estágio no escritório, se tiver vaga.