Elize digitava como se a vida dela dependesse daquele trabalho. E no fundo, dependia.
Direito Constitucional não era brincadeira, e depois de ter sido expulsa de umas boas aulas, ela sabia que qualquer deslize podia custar caro.
Mas como manter a concentração com uma notificação pipocando na tela?
“Tô precisando revisar uns arquivos. Me espera na minha sala?”
Ela mordeu o lábio. Apertou os olhos. Suspirou. Não hoje, Henrique. Não hoje.
Respondeu seco:
“Hoje não dá.”
Deixou o celular virado pra baixo na mesa e continuou escrevendo, como se nada tivesse acontecido.
Mas por dentro, o estômago revirava, o rosto ardia, e o coração batia como se ela estivesse fugindo de algo — ou correndo na direção contrária de tudo que queria.
"Foco, Elize", murmurou, tentando reler o parágrafo.
Mas só conseguia imaginar a cara de indignação dele ao receber a resposta.
E a verdade é que ela adorava saber que ele estava irritado.
Henrique entrou no escritório como quem ia declarar gu